fleeting

E eu, que queria tanto um tempo para mim
um espaço para existir, sem nenhuma identidade
que não a minha

Eu, que achava que precisava da solidão da porta fechada
da concentração da mesa vazia

Eu, que ansiava pela paz da janela de sempre,
da prateleira só minha,
da gaveta do passado

O que preciso é isto.
Este momento tão único, tão rápido, tão cadente
que é a nossa dança celeste

o teu cheiro inigualável
a tua cabeça aninhada
os teus braços pesados, seguros, confiantes que
eu te agarro.

O que eu preciso é estar, deixar, ser – todos
esses verbos da perenidade
já que a tua vida é um relâmpago na minha.