Aos Domingos, os museus que pertencem à cidade de Barcelona são gratuitos a partir das três horas da tarde. É uma boa oportunidade para por a cultura em dia, visitando um novo museu, e para mim é um programa de inverno muito agradável e relaxante.
Hoje decidi ir ao Museu de História da Cidade de Barcelona. Desde que aqui cheguei, que a curiosidade tem crescido sobre como nasceu, cresceu e se formou este aglomerado de histórias, identidades e caras tão diferentes. Os sentimentos que esta grande cidade desperta em mim precisam cada vez mais de contextualização, de saber e sentir melhor o que é ser daqui, em que solos se erguem as casas, em que estradas se passeiam as vidas.
O museu é muito interessante: leva-nos numa viagem pelo tempo, e também pelo espaço, ao traçar um caminho certeiro por entre imagens do paleolítico ibérico, seguido de ruínas do Império Romano. Tive a oportunidade de passear por entre os restos, subterrados, de uma cidade que já nesse tempo era habitada por gentes que imagino, sem saber bem imaginar. A partir de restos de uma igreja, pedras desmoronadas do que outrora foram casas, armazéns de alimentos ou adegas, o museu falou à minha hipotética capacidade de recriar, no teatro da mente, o imaginário do que terá sido viver como “romano” em Barcelona. Chamou-me à atenção, em particular, a adega onde se fabricava e armazenava o vinho.
Já desde o tempo dos romanos, e de muito antes até, o vinho é símbolo de inúmeros marcos importantes da vida humana. É símbolo da vida, do Divino, da celebração e alegria, do quotidiano, das festas. O mundo do vinho, desde o seu palco imenso, passando pelas diferentes (e quase totais) plateias até aos bastidores, é algo que me diz muito e que guardo como recordações que me construíram.
Numa adega, como em casa, há um cheiro particular, há um processo de cuidado e precisão, há um ciclo indispensável à vida, há uma rotina instalada e importante. Numa adega, como em casa, há o partir para depois regressar; há memórias, histórias e tempos. Há mais vida que a vida em nós.